O mito

O Mito é uma narrativa religiosa e cultural, que tenta de forma explicativa e simbólica, falar sobre as origens do homem e do mundo, sobre os fenômenos naturais e os acontecimentos da vida, é a tentativa de explicar a realidade nos primórdios.

Descreveria o mito, como a narrativa da criação, uma tradução através de símbolos de como o homem a entendeu, pois o mito sempre é sentido e vivido antes de ser entendido e formulado. É o signo, o gestual, o acontecimento interior e emotivo no homem que se transforma em narrativa, a sua explicação através do sobrenatural que se torna palavra dita, expressa na linguagem.

O Mito não é o mesmo que fábula ou lenda, ele é verdadeiro, pois é uma história sagrada e real. A criação é verdadeira porque o mundo existe, a vida e a morte também são verdadeiras.

O conjunto de narrativas e a forma como elas agem na vida social de um povo formam a sua mitologia. O mito é mostrado então de forma simbólica entre o sagrado e o profano, como uma condição necessária à ordem do mundo e às relações entre os seres humanos. Ele também fala sobre a relação com nosso lado espiritual, o que precisamos saber e vivenciar, e que aquilo que temos em comum que é visto como o inconsciente coletivo, sendo assim é o que formam os arquétipos, que significam modelos primitivos e sobre estes o estudioso Barthes, dizia: “Decifrar o mito é, pois, decifrar a si mesmo”, o que quer dizer entenda seu arquétipo e compreendera o seu próprio eu. Complementando esta tese, o grande psicanalista Jung dizia que se conscientizar sobre os arquétipos era perceber o elo entre o inconsciente pessoal que seriam aquisições da vida do individuo, e o inconsciente coletivo que é relativo aos arquétipos que sempre existiram, e as formas como se manifestavam.

O modo de se pôr em ação o mito na vida do homem, são os ritos, sendo a forma de expressão deste por um povo, seja através de cultos, cerimônias, danças ou orações. Através disto o homem se sente mais próximo e capaz de realizar o que os deuses e heróis fizeram em suas historias, e assim mais uma vez transformar o profano em sagrado.

Aquilo que chamam consciência mítica, ainda está vivo e presente nas civilizações, como uma narrativa que satisfaz profundas necessidades religiosas, morais e sociais, sendo indispensável na formação das regras de um povo. O mito ao meu ver é vital para a civilização.

O poeta Fernando Pessoa escreveu :

O mito é o nada que é tudo.

O mesmo sol que abre os céus.

É um mito brilhante e mudo.